domingo, 4 de novembro de 2012

Português - Agrup 02 (Aulas 02, 03 e 04)


SESI / NOVO TELECURSO  /  Profª Claudia Rocha  
LINGUAGEM: PORTUGUÊS -   O senhor sabe com quem está falando?
(Agrupamento 02 - Aulas 02, 03 e 04 ) 
Na aula passada, vimos como as mesmas idéias podem ser escritas e reescritas de formas diferentes, para atender a situações diferentes. Nestas aulas, verificamos que refletir é pensar sobre alguma coisa. É matutar, é pôr a cabeça em funcionamento e ter idéias. Assim é que sempre se diz que temos que refletir antes de tomar uma decisão. Pois é, no nosso caso, REFLEXÃO é o exercício que a mente faz para retornar mais de uma vez, várias vezes, ao assunto ou a um problema, para entendê-lo melhor, para resolvê-lo, procurando inclusive observá-lo vários ângulos diferentes. Ao escrever, precisamos saber DO QUE vamos tratar, O QUE vamos dizer, e COMO vamos fazê-lo. Do que vamos tratar e o que vamos dizer, essas duas formas  ou até mesmo como vamos dizê-lo, temos como problema do COMO iniciar, exatamente, com o COMO COMEÇAR. Há vários jeitos de começar. O mais simples é: resumindo, o mias claro possível, o que a gente pensa do assunto. Depois continua-se a redação, explicando por que a gente pensa assim. Leia a seguir como Graciliano Ramos fala do processo de escrever:  “[...] deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa seja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso: a palavra foi feita para dizer.”   Escrever não é apenas colocar palavras no papel, não é? Precisamos trabalhar muito, quando queremos escrever. Todo texto é um produto, mas sua elaboração é, antes de tudo, um processo que relaciona, basicamente, duas ordens de fatores: 1) finalidade, leitor previsto, assunto e tipo de texto; e 2) a construção de uma unidade de significação.
Coesão e coerênciaà Imagine a seguinte situação: na grande decisão de um campeonato, o técnico de um dos times declarou aos jornalistas:  "Vamos respeitar o adversário, mas, agora, nosso time está coeso". Agora, numa outra situação, a namorada diz para o namorado: "Não adianta. Não vou mais perdoar você. Quero que tenha atitudes coerentes." Na primeira situação, o técnico enfatizou o fato de seu time estar coeso, como uma qualidade importante para ganharem o jogo. "Coeso" significa "unido", "intimamente ligado", "harmônico".  Na segunda situação, a namorada cobra atitudes coerentes do namorado. "Coerência" significa "harmonia", "conexão", "lógica". Você sabia que "coesão" e "coerência" são as duas propriedades fundamentais para que exista um texto? Sem esses elementos, não podemos dizer que existe texto. Quando muito, há um amontoado desconexo de palavras colocadas lado a lado. Bem, vamos a mais uma reflexão? Desta vez, leia o trecho de uma crônica de Millôr Fernandes. “As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica” - Richard Gehman
“Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte."
“Junto com as outras?"
“Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.";
“Sim senhora. Olha, o homem está aí."
“Aquele de quando choveu?"
“Não o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo."
“Que é que você disse a ele?"
“Eu disse para ele continuar."
“Ele já começou?"
“Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse." (...) 
(Millôr Fernandes. "Trinta anos de mim mesmo". São Paulo: Abril Cultural, 1973)
Veja como o humorista faz sua sátira, a partir de duas idéias básicas: "as mulheres falam demais" e "somente as mulheres se entendem".  Comece a analisar pelo título a ironia do autor: "A vaguidão específica" (como algo pode ser vago e específico, ao mesmo tempo? Só as mulheres, diria Millôr e os que pensam como ele...). Para confirmar suas idéias, ele busca uma "autoridade" para fazer a citação: Richard Gehman (quem seria? Um estrangeiro, pelo nome. Novamente, o humorista brinca com uma idéia pronta: sendo "alguém de fora" deve ter muito a nos ensinar...).  Quem participa da história narrada? Duas mulheres. São elas patroa e empregada? Mãe e filha? Não sabemos. Qual é o assunto de que falam as duas mulheres? Nós, leitores, não sabemos, mas as duas personagens sabem, não é mesmo? A que se referem as palavras e trechos: "isso", "outras", "alguém", "qualquer coisa", "lugar do outro dia", "o homem", "Aquele", "o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo", "continuar", "começou"? Os leitores não sabem, mas as mulheres sim e como as duas sabem do que estão falando, a "costura" do texto vai sendo feito de forma coerente e coesa. Você viu que Millôr Fernandes, intencionalmente, quis brincar com um preconceito social a respeito da mulher e seu jeito de falar, considerado excessivo. Assim, para entendermos o texto, como coerente e coeso, é preciso levar em conta o fato do autor ser um humorista e seu texto trazer essa marca da "surpresa" ou do "olhar sobre outro ângulo" - como numa piada.

ATIVIDADE EXTRA

1)Leia o texto com atenção. O trecho fala de uma reunião de cientistas para tentar salvar alguns animais que estão desaparecendo.

O fim de sapos, rãs e pererecas.
Para muita gente, sapos, rãs e pererecas podem lá não ter graça. Mas os anfíbios são essenciais a vida de florestas, restingas e lagoas, só para citar alguns ambientes. E o problema é que estão desaparecendo sem que cientistas saibam explicar o porque. O fenômeno é conhecido há anos, mas tem se agravado muito. Sobram explicações – vírus, redução de habitat e mudanças climáticas, por exemplo -, mas ainda não há respostas para o mistério, cuja a conseqüência é o aumento do desequilíbrio ambiental. Para tentar encontrar uma solução, cientistas começaram a se reunir no Rio.
O Globo, junho de 2003.

a)    Distribua os substantivos sublinhados pelas colunas abaixo:

SUBSTANTIVO COMUM
SINGULAR
SUBSTANTIVO COMUM
PLURAL
SUBSTANTIVO PRÓPRIO









b)    Agora olhando esses substantivos, responda: Que animais estão desaparecendo? Eles são essenciais a vida de quais ambientes?

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2) Leia o aviso abaixo, encontrado na entrada de um local de show para jovens:

Aí pessoal:
Não dá pra todo mundo chegar na bilheteria ao mesmo tempo.
A gente fica maluco! Sem contar que demora mais! É pra fazer fila!

Agora você vai reescrevê-lo, com as mesmas idéias, só que para ser fixado na entrada de um encontro de advogados.

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